Primeiro campista a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL), José do Patrocínio, também conhecido como Tigre da Abolição e expoente de peso da causa republicana, terá um documentário completo com toda sua vida e obra, produzido pela TV Câmara/Campos. O lançamento está marcado para a próxima quarta-feira (19), às 16 horas, durante sessão solene na Câmara de Vereadores de Campos.
“As novas gerações precisam melhor conhecer estes grandes nomes campistas que fizeram história em nosso país. Começamos com o documentário sobre Nilo Peçanha e agora vamos contar toda a trajetória de José do Patrocínio, esse campista que lutou pela abolição da escravatura e se tornou peça-chave para esta conquista. Essa é mais uma contribuição da Câmara para o resgate de nossa cultura”, disse o presidente do Legislativo, Edson Batista.
Dentro da atual gestão da Câmara foi criado o projeto Memorial Câmara. “Com este projeto, a Câmara nos deu a possibilidade de investigar e reunir material sobre vultos históricos da nossa cidade e colocar à disposição da sociedade contemporânea. Assim, produzimos documentários sobre Nilo Peçanha, agora é a vez de José do Patrocínio e logo vamos anunciar o próximo nome a ser homenageado”, disse o diretor do Departamento de Cultura e Multimídia da Câmara, Wilson Heidenfelder.
A produção do material contou com gravações em Campos, Niterói e no Rio de Janeiro. “O ponto de partida foram as informações que tínhamos em mãos aqui em Campos sobre a vida dele aqui na cidade, sua ida pro Rio e sua ascensão na capital. A partir daí fizemos um levantamento sobre as obras publicadas sobre Patrocínio. A Priscila Castro, nossa produtora, fez contato com estes autores e fomos ao Rio para saber mais detalhes”, contou Wilson.
Para o diretor de Multimídia o ponto alto das gravações aconteceu durante a visita da equipe a sede da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos. “Uma irmandade com mais de 350 anos, fundada exclusivamente por homens negros com o objetivo de angariar recursos para alforriar escravos na época. Patrocínio conhece e se torna membro dessa sociedade, fazendo dessa igreja um ‘quartel general’ abolicionista, com reuniões frequentes que contavam, até mesmo, com a presença da Princesa Isabel”.
A figura do campista Tigre da Abolição é reverenciada até hoje pela irmandade. “Todo ano eles realizam uma celebração para lembrar a morte de Patrocínio. Vale ressaltar que ele foi velado durante dias nesta igreja. Local onde ele funcionou sua primeira gráfica, dando início às suas produções jornalísticas e literárias”, explicou Wilson.
A formação inicial do campista seria em farmácia. Mas Patrocínio abandonou seu diploma de farmacêutico para escrever e lutar contra a escravidão. Iniciara a carreira de jornalista, na Gazeta de Notícias, e sua estrela começava a aparecer. Com Dermeval da Fonseca publicava Os Ferrões. Anos depois, Patrocínio estava na Gazeta de Notícias. Em 1879 iniciou ali a campanha pela Abolição.
Nessa época tinha atingido a grande fase de seu talento e de sua atuação social. Compareceu às sessões preparatórias da instalação da Academia Brasileira de Letras e fundou a Cadeira nº 21, que tem como patrono Joaquim Serra. Também fundou a Confederação Abolicionista e lhe redigiu o manifesto, assinado também por André Rebouças e Aristides Lobo. Sua luta chega ao fim em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea. O Rio de Janeiro em festa aplaudiu José do Patrocínio, aclamado como herói popular. O campista imortal da ABL morreu aos 51 anos,em 1905.
Fonte Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes.
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